segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um olhar para as prisões femininas



Texto Síntese apresentado no I Simpósio Sul Brasileiro de Psicologia Jurídica.
17 e 18 de abril de 2009 – Porto Alegre
Mesa: Cárcere e Mulher.

O que pretendo abordar

• Quantas são as mulheres presas?
• Como são os presídios femininos?
• O que se pensa sobre as mulheres presas?
• Quem são as mulheres presas?
• O que podemos entender como direitos da mulher numa prisão?
• Quais são as questões familiares e amorosas em prisões?
• É possível pensar que as mulheres encarceradas possam resolver amorosamente seus relacionamentos?

Quantas são as mulheres presas?

• Segundo dados do DEPEN em 2003 existiam em nosso país 9.863 mulheres presas. Até dezembro de 2007 este número aumentou para 25.830. Hoje já deve ter triplicado.
• Dessas 6.531 estavam em São Paulo, mas alí existem 5.458 vagas.
• Existem no país 1.094 unidades prisionais. Destas 55 são exclusivamente para mulheres, 426 mistas e 613 para homens.
• São Paulo conta com 143 unidades prisionais sendo que delas, 12 são exclusivamente femininas. O nosso estado é o que possui o maior número de unidades femininas.

Como são os presídios femininos?

• As prisões foram pensadas para homens.
• Os edifícios, em sua maioria, são antigas prisões para homens.
• Alguns são antigos conventos ou unidades para jovens reformadas.
• São locais onde a preocupação com as peculiaridades das mulheres é irrelevante.
• Em todos se observa que as mulheres esforçam-se para transformar as celas em suas casas.

O que se pensa sobre as mulheres presas?

• As mulheres presas geralmente são vistas a partir de julgamentos preconceituosos.
• As geralmente são tidas como “mulheres de vida fácil” “vagabundas” ou “vadias” sem caráter.
• Mães presas que têm filhos na prisão são consideradas “irresponsáveis”, as que os tiveram fora, “abandonadoras”, as que não querem vê-los, “cruéis”.
• As mães presas são vistas e tratadas como “naturalmente” más, desatentas descuidadas e incapazes de amar.

Quem são as mulheres presas?

• Mulheres que viveram e ainda vivem uma profunda experiência de dor nas relações familiares desde a infância.
• Jovens que se envolveram por diferentes motivos com a rede do tráfico: abandono, pobreza, abuso, influência, etc.
• Mães de família que se envolveram com furtos ou assaltos, pois foram abandonadas pelos parceiros.
• Mulheres abusadas e violentadas que agrediram ou mataram seus parceiros.
• Pobres ou ricas, mulheres que buscam uma maneira de resgatar sua dignidade e retomar a vida junto àqueles que amam.

O que podemos entender como direitos da mulher numa prisão?

• Documentos Jurídicos: Lei de Execução Penal e as Regras Mínimas para atendimento dos Presos, dentre outros.
• Livreto Mulher, publicação oficial do II Plano Nacional de Políticas para Mulheres – 2008 - primeira vez a condição da mulher presa foi debatida por 2700 participantes da II Conferência Nacional de Políticas para Mulheres.
• Direitos:
– assistência integral à saúde,
– prática sexual segura,
– a gestação assistida,
– exercício da maternidade,
– concessão de passes,
– uso do telefone de forma monitorada,
– incentivo e orientação para trocas de correspondências


Quais são as questões familiares e amorosas em prisões?

• A prisão dificulta quando não impede a manutenção dos vínculos familiares e amorosos,
• Se entendemos a relação amorosa como construída diariamente na presença das pessoas com quem convivemos como as mulheres presas podem cultivar amor?
• Mulheres presas amam seus familiares, é um equívoco pensar diferente,
• A prisão ainda não é um espaço onde, se possa cultivar amor para que sofrimentos possam ser curados.


É possível pensar que as mulheres encarceradas possam resolver seus relacionamentos?

• Bert Hellinger – alemão, nascido em 1925, trabalhou 16 anos em uma ordem missionária católica entre os Zulus, formou-se em psicanálise, terapia primal, análise transacional, hipnoterapia e desenvolveu a abordagem das constelações familiares,
• Sistemas Familiares – consciência individual, consciência grupal ou arcaica e consciência espiritual.
• Jogo entre inocência e culpa.
• Ordens do amor: direito de pertencimento, todo sistema tem uma hierarquia, equilíbrio entre dar e tomar.
• Esta proposta permite que vejamos as mulheres como seres emaranhados em questões onde se faz necessário o restabelecimento das ordens do amor.
• O essencial é simples

8 comentários:

Anônimo disse...

Ola professora Rosalice, souque que a professora mandou um email com perguntas sobre o filme "O Instinto Secreto". acredcito que houve uma falha no meu email e não recebi , gostaria que redigisse novamente o email, e gostaria mais uma vez de parabenizar pelo blog.. abraços e bom feriado

Victor Hugo Lopes, aluno do curso de gestão em segurança noturno

Profª Dra. Rosalice Lopes disse...

Vitor

Encaminhe seu e-mail novamente para eu confirmar.
Até

Patty - Curso téc. seg. priv. e patr. - manhã. disse...

Muito interessante esta matéria sobre as presas femininas, nunca parei para analisar o lado delas dessa maneira, com certeza a prisão para as mulheres é bem mais cruel do que para os homens, mesmo por que cerca de 90% das mulheres presas são abandonadas pelos seus companheiros, e pra gente que é mãe, é muito triste e penoso ter que ficar longe dos filhos. Espero que nossos governantes possam dar mais atenção para a situação das mulheres presas em nosso país.

Profª Dra. Rosalice Lopes disse...

Patty

Fico feliz quen tenha lido a matéria e tenha despertado para esta dura realidade. Se quiser mais informações sobre elas poderá lr minha tese que está diponível na net. É só colocar a expressão "Prisioneiras da mesma história: o amor materno atrás das grades" no Google e poderá baixar o arquivo, ok?

Até

Anônimo disse...

NOSSA ...VOU SER BEM FRANCA NUNCA TINHA PENSADO EM COMO DEVERIA SER AS PRISÓES PARA MULHERES !!!
DEPOIS DESSA MATÉRIA FIQUEI UM TANTO CHOCADA..ESPERO QUE ESSES DADOS EMPIRICOS MUDEM ...E QUE ALGO SEJA FEITO !!!

Profª Dra. Rosalice Lopes disse...

Andreia

A situação é complicada mesmo. Se tiver mais interesse pode consultar minha tese que está disponível na internet. Coloque no buscador do Google a expressão "Prisioneiras de uma mesma história: o amor materno atrás das grades.
Até

Aline Melo disse...

Olá Profª sou estudante de Serviço Social, me formo no fim do ano e estou escrevendo meu TCC e meu tema é: "Mulheres presas: um estudo sobre os direitos e possíveis privilégios dispensados as mulheres encarceradas no estado do Rio de Janeiro". Se tiver algo que possa me auxiliar pode enviar para o meu e-mail. Grata, Aline Mello

Profª Dra. Rosalice Lopes disse...

Aline,

É só me escrever. Mande suas dúvidas no orkut.
Meu nome é ´rosalice lopes, procura, ok? Lá podemos ter uma conversa mais próxima.

Até

Rosalice