sexta-feira, 24 de abril de 2009

Comunicação Verbal e Não-Verbal



Comunicação Verbal e Não-Verbal


A Comunicação é entendida como a transmissão de estímulos e respostas provocadas, através de um sistema completa ou parcialmente compartilhado. É todo o processo de transmissão e de troca de mensagens entre seres humanos.

Esquema da Comunicação de R. Jakobson:


Contexto
Emissor
Mensagem
Receptor
Contacto
Código


Para se estabelecer comunicação, tem de ocorrer um conjunto de de elementos constituídos por: um emissor (ou destinador), que produz e emite uma determinada mensagem, dirigida a um receptor (ou destinatário). Mas para que a comunicação se processe efetivamente entre estes dois elementos, deve a mensagem ser realmente recebida e decodificada pelo receptor, por isso é necessário que ambos estejam dentro do mesmo contexto (devem ambos conhecer os referentes situacionais), devem utilizar um mesmo código (conjunto estruturado de signos) e estabelecerem um efetivo contacto através de um canal de comunicação. Se qualquer um destes elementos ou fatores falhar, ocorre uma situação de ruído na comunicação, entendido como todo o fenômeno que perturba de alguma forma a transmissão da mensagem e a sua perfeita recepção ou decodificação por parte do receptor.


Elementos da Comunicação:


- Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção da comunicação ou elaborar um sistema de signos;
- Decodificar: decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa;
- Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo receptor.


LINGUAGEM VERBAL: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de abstração e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras);

LINGUAGEM NÃO-VERBAL: as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entonação da voz são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação.

Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma cultura para outra e de época para época.
A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser uma reação involuntária ou um ato comunicativo propositado.
Alguns psicólogos afirmam que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e encadear as interações sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais.


a) expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas a partir da sua expressão fisionômica. Por vezes os rostos transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas tentam inibir a expressão emocional.


b) movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de interesse, mas noutro contesto pode significar ameaça, provocação. Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto pode transmitir a idéia de submissão como a de desinteresse.


c) movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão de mensagens.


d) postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para se detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores hierárquicos adotam posturas atenciosas e mais rígidas do que os seus superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos.


e) comportamentos não-verbais da voz: a entonação (qualidade, velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens mais claras do que uma voz agitada.


f) a aparência: a aparência de uma pessoa reflete normalmente o tipo de imagem que ela gostaria de passar. Através do vestuário, penteado, maquiagem, apetrechos pessoais, postura, gestos, modo de falar, etc, as pessoas criam uma projeção de como são e de como gostariam de ser tratadas. As relações interpessoais serão menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua projeção particular e se os outros respeitarem essa projeção.


Conclusão: na interação pessoal, tanto os elementos verbais como os não-verbais são importantes para que o processo de comunicação seja eficiente.
Comentários da professora:
A comunicação verbal e a não-verbal são elemetos essenciais do processo de interação e estão presentes em todos o nossos relacionamentos quer sejam familiares, profissionais de lazer dentre tantos outros. É claro que o modo particular como nos manifestamos é a expressão mais direta de nossos comportamentos, em outras palavras, é nosso comportamento expressivo. É sabido que 70% de nossa comunicação é de natureza não-verbal, enquanto apenas 30% é constituída de palavras escritas ou faladas. Estamos o tempo todo, por meio de nosso comportamento expressivo, manifestando aspectos de nossa personalidade. Observar a forma como nos vestimos, o tom de voz que usamos em diferentes situações, como nos sentamos ou reagimos corporalmente nas diferentes situações nos dá boas pistas sobre nós mesmos e ao observarmos os outros podemos, por seu comportamento expressivo, saber um pouco daquilo que ele é - de sua personalidade - ou manifesta para nós.
ATENÇÃO: Este é um texto coplementar ao do livro que temos trabalhado em sala de aula.
Referência:

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um olhar para as prisões femininas



Texto Síntese apresentado no I Simpósio Sul Brasileiro de Psicologia Jurídica.
17 e 18 de abril de 2009 – Porto Alegre
Mesa: Cárcere e Mulher.

O que pretendo abordar

• Quantas são as mulheres presas?
• Como são os presídios femininos?
• O que se pensa sobre as mulheres presas?
• Quem são as mulheres presas?
• O que podemos entender como direitos da mulher numa prisão?
• Quais são as questões familiares e amorosas em prisões?
• É possível pensar que as mulheres encarceradas possam resolver amorosamente seus relacionamentos?

Quantas são as mulheres presas?

• Segundo dados do DEPEN em 2003 existiam em nosso país 9.863 mulheres presas. Até dezembro de 2007 este número aumentou para 25.830. Hoje já deve ter triplicado.
• Dessas 6.531 estavam em São Paulo, mas alí existem 5.458 vagas.
• Existem no país 1.094 unidades prisionais. Destas 55 são exclusivamente para mulheres, 426 mistas e 613 para homens.
• São Paulo conta com 143 unidades prisionais sendo que delas, 12 são exclusivamente femininas. O nosso estado é o que possui o maior número de unidades femininas.

Como são os presídios femininos?

• As prisões foram pensadas para homens.
• Os edifícios, em sua maioria, são antigas prisões para homens.
• Alguns são antigos conventos ou unidades para jovens reformadas.
• São locais onde a preocupação com as peculiaridades das mulheres é irrelevante.
• Em todos se observa que as mulheres esforçam-se para transformar as celas em suas casas.

O que se pensa sobre as mulheres presas?

• As mulheres presas geralmente são vistas a partir de julgamentos preconceituosos.
• As geralmente são tidas como “mulheres de vida fácil” “vagabundas” ou “vadias” sem caráter.
• Mães presas que têm filhos na prisão são consideradas “irresponsáveis”, as que os tiveram fora, “abandonadoras”, as que não querem vê-los, “cruéis”.
• As mães presas são vistas e tratadas como “naturalmente” más, desatentas descuidadas e incapazes de amar.

Quem são as mulheres presas?

• Mulheres que viveram e ainda vivem uma profunda experiência de dor nas relações familiares desde a infância.
• Jovens que se envolveram por diferentes motivos com a rede do tráfico: abandono, pobreza, abuso, influência, etc.
• Mães de família que se envolveram com furtos ou assaltos, pois foram abandonadas pelos parceiros.
• Mulheres abusadas e violentadas que agrediram ou mataram seus parceiros.
• Pobres ou ricas, mulheres que buscam uma maneira de resgatar sua dignidade e retomar a vida junto àqueles que amam.

O que podemos entender como direitos da mulher numa prisão?

• Documentos Jurídicos: Lei de Execução Penal e as Regras Mínimas para atendimento dos Presos, dentre outros.
• Livreto Mulher, publicação oficial do II Plano Nacional de Políticas para Mulheres – 2008 - primeira vez a condição da mulher presa foi debatida por 2700 participantes da II Conferência Nacional de Políticas para Mulheres.
• Direitos:
– assistência integral à saúde,
– prática sexual segura,
– a gestação assistida,
– exercício da maternidade,
– concessão de passes,
– uso do telefone de forma monitorada,
– incentivo e orientação para trocas de correspondências


Quais são as questões familiares e amorosas em prisões?

• A prisão dificulta quando não impede a manutenção dos vínculos familiares e amorosos,
• Se entendemos a relação amorosa como construída diariamente na presença das pessoas com quem convivemos como as mulheres presas podem cultivar amor?
• Mulheres presas amam seus familiares, é um equívoco pensar diferente,
• A prisão ainda não é um espaço onde, se possa cultivar amor para que sofrimentos possam ser curados.


É possível pensar que as mulheres encarceradas possam resolver seus relacionamentos?

• Bert Hellinger – alemão, nascido em 1925, trabalhou 16 anos em uma ordem missionária católica entre os Zulus, formou-se em psicanálise, terapia primal, análise transacional, hipnoterapia e desenvolveu a abordagem das constelações familiares,
• Sistemas Familiares – consciência individual, consciência grupal ou arcaica e consciência espiritual.
• Jogo entre inocência e culpa.
• Ordens do amor: direito de pertencimento, todo sistema tem uma hierarquia, equilíbrio entre dar e tomar.
• Esta proposta permite que vejamos as mulheres como seres emaranhados em questões onde se faz necessário o restabelecimento das ordens do amor.
• O essencial é simples

terça-feira, 7 de abril de 2009

Emoções e Sentimentos - Algumas idéias para refletir



Os sentimentos são mais atenuados em sua intensidade vivencial e em seus concomitantes fisiológicos (corporais) em comparação à exuberância das emoções. Intimamente entrelaçados com as sensações e as emoções, os sentimentos se mostram muito mais duradouros, além de infinitamente mais numerosos e variados que os estados afetivos básicos dos quais se originam.


Assim, da emoção primária de choque-pânico, provém emoções mistas (espanto, susto, terror...) e, destas, os sentimentos de insegurança, desconfiança, receio, medo, etc.; da emoção colérica, resultam vivências emocionais impulsivo-agressivas, bem como sentimentos de vingança, ódio, rancor, crueldade . . . ; da emoção afetuosa, originam-se reações emocionais de envaidecimento e de auto-estima, sentimentos de simpatia, cordialidade, compaixão, amizade, amor, sob todas as suas formas (de pessoa a pessoa, à família, à pátria, a Deus, à ciência, à arte, à liberdade, à humanidade, etc.); enfim, das emoções secundárias, de desprazer e mal-estar, de um lado, e de prazer e bem-estar, do outro, também, derivam, respectivamente, sentimentos de pesar, tristeza, desgosto, asco, aversão e desespero bem como os sentimentos de júbilo, alegria, esperança, satisfação, felicidade, etc.


Emoções e sentimentos simples e puros somente se observem mais frequentemente na infância mas, com a puberdade e adolescência, esses elementos se associam indefinidamente, combinando-se de modo crescente e resultando sentimentos mais complexos.


A afirmação juvenil da sexualidade e o processo de integração social do adolescente proporcionam rejeição de muitos valores instituídos na infância, levando à adoção e introspecção de valores novos, que alteram profundamente o sistema referencial do indivíduo (sistema de valores) ampliando e enriquecendo, cada vez mais, a sua vida afetiva e, por fim, favorecendo o desenvolvimento dos chamados sentimentos espirituais. Estes últimos, imprimem a feição final do quadro afetivo geral da psique humana e constituem, a bem dizer, a principal característica de nossa espécie. Esses sentimentos (valores) espirituais permitem ao homem, com exclusividade, elevar-se continuamente no plano das idéias, dos juízos e dos atos e, com isso, caracterizar a totalidade de seu comportamento social.


O característico dessa categoria de sistema de valores espirituais é que eles sempre se referem, não propriamente a pessoas, coisas, objetos, portadores de valores intrínsecos, mas à qualidade do que é ou não é valioso, do que é verdadeiro ou o falso, belo ou o feio, bom ou o mau, sagrado ou o profano.


A representação da realidade, então, determinará a significação das coisas no âmbito de cada camada afetiva (Primárias, Secundárias, Mistas e Espirituais). Isso não quer dizer que essas categorias sejam herméticas ou estanques.Elas funcionam de maneira integrada e, por causa dessa integração, os conteúdos provenientes das mais básicas camadas sensorial e vital, podem alcançar as camadas mais espirituais e vice-versa. Nada, em nosso mundo interior, se encontra em estado estático, de isolamento e de pureza elementar, mas sim, tudo se encontra de forma dinâmica e integrada.


Comentários da Professora:


Às contribuições dos autores do texto, acrescentaria que as emoções são manifestações quase sempre incontroláveis, poderíamos dizer até mesmo que quando temos reações de natureza emocional podemos nos surpreender conosco. Já os sentimentos são influenciados por nossa racionalidade. Além disso as emoções são momentâneas, referem-se a uma situação pontual e passageira, como por exemplo a reação diante de um incêncio ou um assalto; já os sentimentos são duradouros e nos acompanham por muito tempo em nossas vidas, como por exemplo a amizade ou mesmo o amor que sentimos por nossos parceiros.